Depressão, ansiedade, profissionais da saúde abandonando carreira: os efeitos da pandemia até agora

Psicólogo explica os efeitos da doença, que vão além do que se imagina

O medo do vírus que ainda não tem uma cura definitiva, a incerteza quanto ao futuro, a perda de familiares e amigos e as dificuldades financeiras causadas pela Covid-19 geraram uma nova pandemia nos últimos meses: a da “depressão”, ou o que muitos médicos estão classificando como a “terceira onda” da doença.

O DRD conversou com o psicólogo Sérgio Fonseca, especialista em terapia cognitiva, terapia dos esquemas e EMDR, e ele afirmou que houve um aumento de 100% em casos de depressão e ansiedade em Valadares, em comparação com 2019. O motivo principal é a Covid-19.

Um estudo recente divulgado pela Pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) apontou que, mesmo com todas as regras de distanciamento, com a suspensão de alguns serviços e a fuga de pacientes de consultórios médicos em geral por conta do medo, 47,9% das clínicas de psiquiatria tiveram aumento no número de consultas. Boa parte desses atendimentos tem sido online.

Efeitos da Covid

De acordo com o psicólogo, com a rotina alterada desde março deste ano até agora, por conta das medidas de enfrentamento à pandemia, era natural de se esperar que toda a população sofresse com alterações de humor, ansiedade, estresse, irritabilidade ou tristeza. Crianças em casa, sem aulas e entediadas com o tempo sem estudar, e adultos preocupados com a manutenção do emprego e despesas da casa, o abalo na economia e a incerteza do futuro.

“Nunca vimos o que está acontecendo, e paralelamente a isso uma crise financeira. A ansiedade e a angústia vão tomando conta das pessoas, e era esperado acontecer. Quem já tinha uma latência de transtorno de ansiedade, agora tem. Quem já tinha transtorno de ansiedade, agora está pior. As pessoas estão mais ansiosas, menos esperançosas, depressivas, e ainda houve aumento dos problemas conjugais dentro das casas. Portanto, neste momento, vale a ajuda psicológica e psiquiátrica para enfrentar essa pandemia”, recomendou.

Sérgio Fonseca afirma que boa parte dos atendimentos da clínica são on-line

O psicólogo ressalta que o pós-Covid também apresenta fatores sérios de risco à saúde mental, principalmente por conta das perdas financeiras e do estigma em relação a outras pessoas. “Tanto a pessoa que teve Covid quanto as que não tiveram ainda, existe um sério risco à saúde mental depois que tudo isso passar”, comentou.

No consultório, Fonseca afirma que a maioria dos atendimentos tem sido de adultos e idosos. “Estas classes estão ficando mais depressivas e ansiosas neste momento. Mas tem crianças também começando a ter esse tipo de problema”, alertou.

O medo avança para os hospitais

O cenário de medo e depressão, devido à pandemia, saiu das casas e avançou também para dentro dos hospitais e postos de saúde. Basta observar a falta de profissionais de saúde no mercado de trabalho.

Representantes dos hospitais em Governador Valadares, inclusive da rede pública de saúde (HM), alertaram nesta segunda-feira (30), em reunião com o Ministério Público, sobre a falta de profissionais, como médicos, enfermeiros e fisioterapeutas respiratórios – muitos estão afastados por causa da doença ou desistiram do trabalho por causa dos riscos da profissão.

Quem vive o dia a dia na linha de frente no combate à pandemia sabe explicar como é conviver lado a lado com o perigo. O enfermeiro e professor do curso de enfermagem na Univale, Michael Alves contou como é a rotina exaustiva dentro dos corredores do Hospital. “A gente tem um cenário de diversos profissionais da área da saúde que se infectaram, claro que estando dentro dos serviços de saúde dentro dos hospitais públicos ou privados o risco de contaminação é bem maior. Conheço enfermeiros, técnicos , auxiliares que se infectaram durante essa pandemia, e até óbitos. Contudo, nós não podemos afirma se esses profissionais foram infectados dentro do ambiente de trabalho. Isso não tem como saber. Infelizmente é uma realidade triste. As pessoas precisam ficar vigilantes a todo momento, evitar aglomerações, lavar as mãos corretamente e usar a máscara “, comentou.

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