Figura emblemática de Governador Valadares com atuações importantes em algumas conquistas da terra de Serra Lima, inclusive com passagem discreta pelo Democrata Pantera na década de 70 na condição de diretor, apregoava que a decantada soberania do futebol brasileiro em relação ao resto do planeta teria curta duração.
Dizia ele que tudo tinha a ver com uma Europa em reconstrução, encerrada a Segunda Guerra Mundial. Que tudo seria uma questão de tempo e que a normalidade esportiva – a futebolística em especial -, voltaria a prevalecer e que os europeus, com clubes e suas seleções, venceriam praticamente todas as competições de grande monta.
Antipatia à parte, parece que razão lhe assistia. São passados alguns anos em que sul americano algum se torna campeão mundial de clubes. Mundiais de seleções não têm sido diferentes. Estamos, ao lado de outros mais, na fila faz tempo.
Sábado, 28 de maio de 2022, o Estádio Parc des Princes em Paris, na França, recebe o clássico Liverpool x Real Madrid na decisão de mais uma Champions League, maior e mais conceituada competição futebolística da Europa.
O vencedor não importa – deu Real Madrid. Afora acontecimentos de fora do estádio, dá uma inveja danada ver tanta organização, tanta educação, tanto respeito, tanto exemplo e tanto futebol de altíssimo nível. Por parte dos treinadores, dos atletas e da arbitragem. Coisas de primeiro mundo.
Que figuras monstruosas, humanas, decentes e competentes são Carlo Ancelotti e Jurgen Klopp. Acreditamos que, ao lado de Guardiola, são atualmente incomparáveis. Deram e mostraram para o planeta um verdadeiro exemplo de civilidade. Que inveja… não é pecado tentar copiá-los ou mesmo imitá-los. Porém, há de se ter humildade, coisa rara por aqui.
No tocante aos atletas, que monstro é Courtois como goal keeper da esquadra espanhola. Fez a diferença na partida apontada e decisiva. Como consolo, em ambas as esquadras atuam brasileiros. Menos mal.
E a valorização de ex-atletas antes, durante e depois do espetáculo. Verdadeiramente um desfile de artistas do passado, todos eles merecidamente reconhecidos. Coisas que ocorrem lá fora. Aqui são esquecidos e vão para a sarjeta.
Em especial, a possível despedida de Marcelo do clube espanhol, com muito carinho e respeito. Mais ou menos o que foi feito dias atrás com outro brasileiro – Fernandinho, despedindo-se do City. Na Europa ocorrem agradecimentos e respeito. Histórias são escritas e bem escritas.
Finda a temporada europeia, em especial sua principal competição, a telinha volta a exibir jogos do brasileirão – não importa se série A ou B, e lá estamos nós diante dela.
Acuda-nos, Deus do Céu! Futebol bisonho, arbitragens desastrosas, treinadores estressados e mal educados, dirigentes ridículos e gramados de fazer chorar. A maioria de nossos atletas, ao que tudo indica ou que parece, não passaram por bancos escolares. Não têm postura, educação e respeito. Na hora do hino nacional é uma vergonha.
Pensam que acabou? Ledo engano. E o famigerado VAR? Espetáculo circense à parte. Quanto aos comentaristas de arbitragem, estes não têm opinião própria e ficam num faz de conta de dar náusea. Depois de inúmeras vezes do repeteco vêm com um sádico achismo.
Diante de tanta mediocridade, resta-nos um consolo e uma única saída: frequentar a praça esportiva do QUIEL, lá pras bandas da Periquito, e assistir às extraordinárias competições de futebol organizadas com esmero e dedicação pelo desportista de escol, com um número infindável de jogos nos finais de semana.
Como não temos mais o Terceiro Tempo aos domingos – tá certo, seu Paulo e professores – a saída é marcar presença, rever amigos e assistir espetáculos de maior grandeza. Coisas que o QUIEL sabe fazer. Queremos futebol de alto nível.
A reformulação de que necessita o futebol brasileiro certamente passará pelo surgimento de uma LIGA forte e independente. Será que nossos dirigentes permitirão? Resta aguardar e torcer.
(*) Ex-atleta.
N.B. – De Carlos Chagas vem a notícia de que NEGUINHA – ponta esquerda dos bons do Democrata em 1975, submeteu-se em BH a uma delicada cirurgia e está em recuperação na terra do Borroló. Carece de ajuda de seus antigos companheiros. Alô turma da Pantera de 1975…
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de
seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal
