Turmas do EJA são fechadas na cidade

Alunos estão indignados com o fechamento de turmas do EJA nas escolas estaduais João Wesley, Professor Darcy Ribeiro e Professora Theolinda de Souza Carmo

No dia 16 de agosto, alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) em Valadares foram surpreendidos com a notícia do fechamento de suas turmas. O fechamento aconteceu nas escolas estaduais João Wesley, Professor Darcy Ribeiro e Professora Theolinda de Souza Carmo. Com isso, cerca de 30 alunos de cada escola ficam sem acesso à educação. Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO DOCE, alunos da Escola Estadual João Wesley, que fica no bairro Nova Vila Bretas, disseram que estão chateados com a situação e esperam que alguma solução seja tomada para que eles possam continuar com o sonho de estudar, já que a escola atende jovens de 20 bairros da região.

Alex Esteves de Oliveira, que está fazendo o 1º período, conta que a notícia o deixou decepcionado. “Eu trabalho o dia todo no Distrito Industrial, já tomo banho lá e venho direto para a escola. Essa é a única oportunidade que tenho. Agora querem tirar esse sonho da gente. Espero que alguma medida seja tomada. Não podem simplesmente fechar a turma e pronto. Nós vamos pra onde? Eu moro no Palmeiras e aqui era ideal para eu continuar estudando.”

Lucas Santos, morador do bairro Jardim Pérola, conta que estudar próximo de casa é fundamental. “Eu trabalho no Centro e, quando saio do trabalho, ajudo a cuidar da minha avó, até minha tia chegar em casa. Em seguida, veio correndo para a escola, para não me atrasar. Se eu tiver que ir para outra escola, vou ter meu sonho interrompido, porque não vai dar tempo de chegar. Um absurdo o que está acontecendo! Simplesmente chegaram e nos dispensaram. Lamentável! Eu comecei e agora quero terminar.”

A auxiliar de educação básica Maria Aparecida da Silva Rodrigues, que há 12 anos trabalha no João Wesley, afirma que essa é primeira vez que vê isso acontecendo. “Fechar turmas. Não dá para acreditar. Todos têm direito à educação. Nunca me deparei com uma situação dessas. Muito triste. A nossa diretora está fazendo de tudo para tentar resolver essa situação.”

Escola Estadual Darcy Ribeiro

A vice-diretora da Escola Estadual Darcy Ribeiro, Silvana Cristina Cândido, recebeu no dia 29 de julho um e-mail da Superintendência Regional de Ensino autorizando o funcionamento do 1° ano EJA. Diante da oportunidade de ofertar a turma e oportunizar o estudo, foi informado à comunidade e imediações através de carro de som, cartazes, ligações e redes sociais. “Envolvemos toda a equipe escolar, pais e alunos e conseguimos várias matrículas. Após todo o trabalho, tivemos a informação de que a turma deveria ser fechada por não ter atingido, até o dia 14 de agosto, o número de 35 matrículas. É do conhecimento da maioria que essa modalidade de ensino efetive suas matrículas de forma gradativa. O que torna todo esse processo mais frustrante é o fato de ter que informar aos estudantes o fechamento da turma, por não atingir o número exigido. Além de possuir uma localização estratégica, atendendo vários bairros da cidade, a Escola Professor Darcy Ribeiro é pioneira na Educação de Jovens e Adultos em Governador Valadares. O fechamento da turma está prejudicando os alunos e os profissionais envolvidos”, ressalta Silvana Cristina Cândido.

Sind-UTE/GV

Para Rafael Toledo, diretor estadual do Sind-UTE Subsede Governador Valadares, o fechamento de turmas é uma tragédia anunciada, já que a ideia é oportunizar o estudo próximo da residência dos alunos. “A falta de oferta de educação integral causa desemprego e redução de renda das famílias que teriam seus filhos assistidos, e o fechamento das turmas do EJA impede estudantes trabalhadores de lutarem por melhores condições de vida através da educação formal. E é para isso que o ensino em Minas Gerais caminha, para oferecer turmas enormes, com professores esgotados, sem condições de prestar um bom atendimento e acompanhamento ao aluno. Sendo assim, a fusão de turmas, para além do desemprego gerado para trabalhadores em educação, vai resultar numa péssima qualidade no ensino público. Uma sala de aula com muitos alunos é ambiente totalmente desfavorável para um aprendizado de qualidade. Exemplos desses procedimentos foram o fechamento, pelo governo Zema, de 81 mil vagas para estudantes em educação integral no início de 2019; o fechamento continuado, ao longo do ano, de turmas regulares, alegando baixo número de alunos por turma em centenas de escolas; e, recentemente, a imposição do mínimo de 35 alunos para a a formação de turmas do EJA. É um ataque sem precedentes à qualidade da educação pública, pois prejudica a permanência dos educandos nas escolas, não trata das causas da evasão escolar, provoca uma confusão e uma fratura no aspecto pedagógico, pois a fusão de turmas traz a mudança de profissionais que atendem aos alunos, além da demissão de contratados.”

Superintendência Regional de Ensino

O DIÁRIO DO RIO DOCE entrou em contato com a Superintendência Regional de Ensino de Valadares e foi informado que as turmas só foram fechadas porque o número de alunos é menor do que o permitido pela legislação, que é 40. A Superintendência ainda informou que foram disponibilizadas outras turmas para atenderem esses alunos, nas escolas estaduais Professor Nelson de Sena, Diocesano, Bom Pastor, Jardim Ipê e Cecília Meireles, todas com vagas suficientes para os alunos que quiserem ingressar no 1º período do EJA.

Darcy Ribeiro e JoãoWesley

Legenda – Alunos estão indignados com o fechamento de turmas do EJA nas escolas estaduais João Wesley,  Professor Darcy Ribeiro e Professora Theolinda de Souza Carmo

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