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SANEAMENTO

Por Crisolino Filho

De acordo com os dicionários, a palavra saneamento quer dizer tornar são, habitável ou respirável, curar, sanar, reparar, tranquilizar, restituir ao estado normal, higienizar, ou seja, é tudo aquilo que é básico para uma família viver com saúde. Não dispomos de estatísticas, mas será quantos administradores públicos já tiveram a curiosidade ou o interesse de abrir um dicionário para saber o real significado dessa palavra? Quantos por cento deles já fizeram isso? Não vamos arriscar, porque podemos acabar sendo injustos em nossas expectativas, mas pelo que se vê por aí…

Saneamento é saúde, é dignificar vidas tornando moradias habitáveis a partir de canalização de córregos, de esgotamento sanitário, de reparos nas ruas, de não ser obrigado a conviver com maus cheiros e estar livre de doenças, tais como diarreia, hepatite, infecção intestinal, leptospirose e outras mais. Em Governador Valadares, o córrego do Figueirinha é um caso crônico. Desde muito escuta-se a promessa de que vão canalizar este córrego. Nota-se que uma parte dele já está canalizado, diga-se de passagem, mas não nas condições ideais. Em suas margens não foi trabalhado um resultado para evitar a proliferação de mato e lixo, o leito do córrego está sempre muito poluído, e grande parte de seu traçado não tem cobertura, do jeito que foi feito, não resolve quase nada.

Uma indagação que não para é saber como os moradores ribeirinhos suportam morar às margens do córrego, principalmente na época do calor. Como conseguem almoçar com o mau cheiro que o vento leva para dentro das casas? Pode ser uma utopia, mas o administrador brasileiro poderia passar por um laboratório, como fazem os atores e atrizes, e morar na beira deles por um período, para sentir o que é o sofrimento da população.

 Apesar das cobranças, temos de dar o desconto. Afinal, passados anos e anos de todos os tipos de administrações: más, ineficientes, irresponsáveis, terceiro mundistas, administrações e/ou sem planejamento. Em Governador Valadares são vários os córregos e esgotos que correm a céu aberto, como ocorre na região do bairro São Raimundo, locais onde os moradores só podem acessar suas casas em “pinguelas” de madeira. Perto do Esplanadinha, Esplanada e São Pedro, bem ao lado de um conjunto habitacional, dois trechos não canalizados de dois córregos correm a céu aberto, margeados por mato, lixo, insetos e mau cheiro. Um córrego de cada lado dos prédios.

Um fato curioso acontece com a água que o Saae capta para tratar. O Córrego do Figueirinha deságua bem ao lado da estação de tratamento. A água é captada um pouco antes do córrego, ou seja, é uma água mais limpa, já que o rio desce em sentido contrário à captação. Essa contradição não é de agora, existe há muitos anos, um serviço de saneamento que capta água para tratamento pouco acima do despejo de dejetos de esgotos. Como está prevista para a cidade a construção de três Estações de Tratamento de Esgoto – ETE’s, o problema poderá ser solucionado. Não se trata de uma crítica à água tratada pela autarquia municipal, que por sinal é de boa qualidade, mas apenas uma observação sobre os paradoxos brasileiros.

Está provado que, quanto mais se investe em saneamento básico, menos o governo gasta em saúde pública. Para cada R$ 10 investidos em saneamento, o governo pode economizar até R$ 7 em saúde. Como quase tudo no Brasil parece ser feito de cabeça pra baixo, invertem a lógica, aplicam recursos em hospitais que quase sempre estão superlotados, isso porque o povo adoece muito, em grande parte, por falta de saneamento. O quadro é caótico, já que a situação sanitária dos pequenos municípios da região deixa a desejar, o que acarreta mais pacientes para Governador Valadares.

Muitas das doenças que o ser humano contrai são oriundas dos coliformes fecais. Por isso, mesmo em casas bem estruturadas, é importante sempre lavar as mãos antes de qualquer procedimento, seja almoçar, lanchar, cozinhar ou cuidar de um pequeno ferimento. Água para beber deve ser sempre filtrada, ou então água mineral de boa procedência. Mesmo as toalhas de banho, quando não higienizadas periodicamente, são capazes de reproduzir bactérias, principalmente quando ficam expostas ao calor dos chuveiros elétricos. Se em regiões que possuem bom saneamento todo cuidado é pouco, imagine aonde ele é precário.

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