Rio Doce vive risco iminente de ser mais uma vez atingido por rompimento de barragem

Rompimento de barragem em Barão de Cocais pode ocorrer a qualquer momento e ameaça, mais uma vez, o rio Doce. Foto: Arquivo Diário Rio Doce

O pesadelo de mais um rompimento de barragem de rejeitos da Vale bate à porta. Dessa vez, o rio Doce corre o risco de ser atingido por ruptura da Barragem Sul Superior, da Mina de Gongo Soco, evento que poderá acontecer a qualquer momento em Barão de Cocais, na região central do estado. O clima é de apreensão, diante da possibilidade de o desmoronamento atingir o afluente.

Um rompimento da cava norte poderá provocar a liquefação do material depositado na Barragem Sul, que é maior, e provocar novo rompimento, inundando parte da cidade de Barão de Cocais e atingindo o rio São João, que pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Documento da Agência Nacional de Mineração (ANM) já confirmou na sexta-feira (17) que a barragem irá se romper a qualquer momento.

A estrutura fica a 100 km de Belo Horizonte e a 144 km de Brumadinho, onde o rompimento de uma barragem – também da Vale – em janeiro deixou 240 mortos. Vale lembrar que, em novembro de 2015, rejeitos da barragem de Fundão, da Samarco, localizada em Mariana (MG), atingiram o rio Doce, provocando prejuízos para toda a população até a sua foz, no Espírito Santo.

A possibilidade real de que rejeitos de outra barragem da Vale atinjam o rio Doce fez com que o Sistema de Comando em Operações (SCO) se reunisse na tarde desta sexta-feira (17), no 4º andar da Prefeitura de Governador Valadares, para traçar estratégias que serão adotadas em eventual rompimento da barragem Gongo Soco. “Se houver um rompimento, nós estaremos preparados. O Saae está preparado para tratar uma água com turbidez alta e nós estaremos atentos, ligados à Defesa Civil do Estado. Qualquer movimentação, estaremos informando à população”, afirmou o prefeito André Merlo (PSDB), em pronunciamento feito por vídeo e publicado no Facebook.

O atual diretor do Saae, coronel Siqueira, lembrou que, devido ao rompimento da barragem de Fundão, em 2015, a autarquia se preparou para fazer o tratamento de água em altíssimo nível de turbidez. “Já temos uma reserva de polímero, que faz esse tratamento, e estamos aumentando essa reserva”, disse.

O risco de o rio Doce ser atingido novamente também foi apresentado pelo Poder Legislativo. Conforme o vereador Paulinho Costa (PDT), a população precisa estar em estado de alerta. “Claro que a preocupação existe, e ela é grande demais, mesmo porque já fomos atingidos um vez por lama de rejeitos, que deixou sequelas no nosso rio Doce. Não sabemos ainda como dimensionar o tamanho dessa tragédia, mas precisamos estar alertas a todo momento e tranquilizar a população”, afirmou.

Alerta ocorreu em fevereiro

No início de fevereiro, as sirenes da Vale foram acionadas pela primeira em Barão de Cocais, depois que a consultoria contratada pela empresa se negou a dar laudo de estabilidade. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) expediu, na quinta-feira, 16, recomendação à mineradora Vale, para que a empresa adote imediatamente uma série de medidas, para deixar claros à população local os riscos a que ela está sujeita. No documento, o MPMG solicita que a Vale, por meio de carros de som, jornais e rádios, dê informações claras, completas e verídicas sobre a atual condição estrutural da Barragem Sul Superior, possíveis riscos, potenciais danos e impactos de eventual rompimento às pessoas e comunidades residentes ou que estejam transitoriamente em toda a área passível de inundação. Além disso, a recomendação é para que a empresa forneça imediatamente às pessoas eventualmente atingidas total apoio logístico, psicológico, médico, bem como insumos, alimentação, medicação, transporte e tudo que for necessário, mantendo posto de atendimento 24 horas nas proximidades dos centros das cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.

Monitoramento

A Vale informou que a cava da Mina de Gongo Soco vem sendo monitorada 24 horas por dia de forma remota, com o uso de radar e estação robótica capazes de detectar movimentações milimétricas da estrutura, além de sobrevoos com drone. O videomonitoramento é feito em tempo real pela sala de controle em Gongo Soco e no Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG). Quatro equipamentos estão localizados na sala de controle em Gongo Soco e outros dois no CMG. A estrutura da barragem está em nível 3 da escala – que significa risco iminente de rompimento.

 

 

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