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Entre o físico e o virtual

Em termos profissionais, trata-se de um dedicado e competente corretor de seguros. Mas a sua enorme popularidade decorre de ele ser também um emérito comunicador e um jornalista amador que põe no bolso muito especialista na área. Durante vários anos, Paulo De Tarso Machado dirigiu e apresentou o programa esportivo “Terceiro Tempo”, campeão de audiência na TV Rio Doce. Depois, sem comprometer as suas atividades comerciais, tem se dedicado à produção de vídeos (“live”), que transmite ao vivo em sua página no Facebook. Por esse meio, ele também costuma opinar sobre política, economia e questões comunitárias, provocando comentários que contribuem para ampliar a discussão em torno dos temas enfocados.

Recentemente (22/07), De Tarso postou no “Face” uma inusitada observação: “90% dos que ficam jogando a culpa no executivo por fechamento de lojas em GV só compram na internet”.

A repercussão foi surpreendente. Até a última vez que visitei a sua página, o placar das reações acusava mais de 60 comentários. Muitos deles feitos por elementos que aparentemente desconhecem ou estão pouco familiarizados com a Lei de Responsabilidade Fiscal e com outros dispositivos legais a que se subordinam os municípios. São esses os que atribuem à administração municipal a responsabilidade pela recessão que afeta o comércio local. Criticam a falta de incentivos fiscais, os altos impostos, os preços dos aluguéis, do transporte público, do estacionamento e, sobretudo, condenam a inexistência de um planejamento capaz de alimentar esperança por dias melhores. Alguns culpam, isoladamente, a administração atual. Houve um que pode ter acertado na mosca, apontando o ICMS mineiro – considerado o mais alto do país – como “a maior dificuldade para manter as portas abertas”. A maioria, entretanto, admite que os obstáculos têm origem remota.

Não faltaram opiniões óbvias, segundo as quais o consumidor tem direito de fazer compras onde quiser, não sendo obrigado a comprar em lojas físicas, para mantê-las abertas.

Uma ligeira turnê pelo Google mostra que o problema é universal. Pouco ou nada tem a ver com o desempenho solitário de um prefeito, de um governador, ou de quem quer que seja.

Junto com a internet, surgiu uma nova forma de vendas a varejo e de atendimento ao consumidor. No próximo ano, o comércio eletrônico completará 25 anos no Brasil. Nasceu em meados da década de 1990 e, desde então, vem crescendo de forma assustadora.

Mesmo em épocas de crise, o comércio varejista virtual só tende a aumentar. Ninguém mais precisa sair de casa ou do trabalho para fazer compras. Isso pode ser comodamente feito em qualquer lugar e a qualquer hora do dia, bastando ter acesso à internet. As tradicionais lojas físicas, dependendo da sua estrutura, são sinônimas de gastos que se equilibram na corda bamba da imensa crise que assola o país, e estão perdendo espaço.

Os varejistas e os grandes grupos empresariais, de Valadares ou de qualquer outra parte do mundo, devem se conscientizar de que é hora de modificar e rever o jeito de comerciar. Atraindo ou não clientes, com ou sem retração de vendas, o negócio precisa ser mantido em funcionamento.

Entre os que comentaram a observação de Paulo De Tarso, alguém mencionou que o ideal seria não lutar contra a maré, mas modernizar o comércio de GV, dando-lhe condições de suprir as demandas virtuais. Lembrou que há pessoas e empresas especializadas em internet, prontas para se desincumbirem dessa tarefa. O problema é que muitos insistem em investir e sustentar um modelo de negócio que só tende a encolher.

A essa altura, é bom ter em mente que mudar pode ser assustador, mas, além de salutar, é às vezes inevitável e inadiável.

Etelmar Loureiro

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