A poesia é a língua universal da alma. É um texto onde o autor expressa diretamente sentimentos e visões pessoais e do mundo. Hoje é comemorado o Dia Mundial da Poesia. A data foi criada na 30ª Conferência Geral da Unesco, em 16 de novembro de 1999, com o propósito de promover a leitura, a escrita, a publicação e o ensino da poesia.
Em Governador Valadares a data não vai passar em branco. No sábado, 23, o grupo de poetas valadarenses “Pão, Poesia e Prosa” vai realizar um “Tour Poético” pelos patrimônios históricos e culturais de Valadares. O ponto de encontro do “Tour Poético” será a Padaria Pão Total, no bairro Ilha dos Araújos, a partir das 7h30.Às 8 horas está marcado o embarque dos poetas na van. O encerramento do tour será na açucareira.
A poesia está entre as mais antigas formas de arte literária. De acordo com a Unesco, é uma ocasião para celebrar a riqueza do patrimônio cultural e linguístico mundial. Engana-se quem acredita que a poesia é usada apenas para expressar sentimentos e emoções.A data comemora a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias por meio das palavras, da inovação, visando à importância da reflexão sobre o poder da linguagem, do desenvolvimento cultural e das habilidades criativas de cada pessoa.
Autor de três livros, Marcelo Rocha é poeta, fundador do Instituto Psia e membro da Academia Valadarense de Letras (AVL). Ele promove há 8 anos o Sarau do Psia, que reúne jovens, adultos e idosos em bares de Valadares, mensalmente, para declamações de poemas.Para ele, a poesia contribui para a diversidade, inferindo na percepção do leitor e na compreensão do mundo. “Por um lado, a poesia tem sido pra mim um santo remédio pra aceitar com lucidez e tranquilidade a dor e a delícia de ser quem sou: um ser humano em busca de paz.Por outro, a poesia tem me dado a oportunidade de criar espaços no cotidiano das pessoas de comunhão da poesia, que têm proporcionado momentos de felicidade e encantamento a centenas de pessoas em nossa cidade. O mundo sem poesia seria uma “catástrofe social”, na medida em que privaria poetas e leitores de expressar suas inquietações pessoais e sociais”, disse.
Marcelo promove, também há 8 anos, o projeto “Um poema em cada árvore”, realizado em 142 cidades brasileiras. Consiste em pendurar poemas em árvores como forma de convidar as pessoas ao mundo da leitura. O poeta já ganhou várias premiações por seu ativismo cultural, entre eles o Prêmio Viva Leitura (Concedido pela Organização dos Estados Iberoamericanos – 2011 e 2014) e o Prêmio Todos Por um Brasil de Leitores (concedido pela Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura – 2015).
Para a escritora e professora Lana Alpino, a poesia, aliada ao estudo e à redação poética, auxilia na construção do processo criativo e crítico de alunos e alunas, levando-os a refletir e questionar valores e questões da vida e da sociedade. “A poesia se faz presente e importante desde os primórdios das civilizações. Ele encerra a subjetividade, a beleza e a grandeza de relativizar as pessoas, o mundo e tudo que nele existe. Como muito bem disse Drumond: ‘Ela está presente em tudo’. Na cidade natal de Shakespeare (Inglaterra), a poesia é utilizada como arte-terapia no tratamento do mal de Alzheimer e outras demências”, comenta.
Tanto Lana Alpino quanto Marcelo Rocha estarão presentes no Tour Poético no sábado. “Contamos com a presença de todos para comemorar o Dia da Poesia na nossa cidade”, convida Lana.
Um dos principais obstáculos dos poetas valadarenses é a sobrevivência da poesia na cidade. A falta de apoio e de incentivo à cultura faz com que o interesse pela arte lírica se perca cada vez mais. Para o poeta Brunno Barbosa, autor do livro “Sobre Lábios e Lábias”, a cidade deveria ter mais potencial para a promoção da cultura. “Bom, os que escrevem poesia estão por aí. Mas, os poetas, penso que são poucos ou estão em algum submundo valadarense. Existe um movimento de poesia na cidade, mas é tímido ou desagregado. O Marcelo Rocha é um guerreiro que segura a onda, luta, mantém vivo um sarau. Não acredito que tenha muitos eventos. Mas tem potencial pra ter mais na cidade”, comenta.
por Eduardo Lima | eduardolima@drd.com.br